CASA DE REVISTA: ARQUITETURA, AFETIVIDADE E EMPATIA

8 de abril de 2019 – 14:45

Olá!

A criação de um espaço, seja no lar ou em ambiente comercial, é sempre parte de um sonho, de um objetivo maior que envolve o universo emocional e os planos de toda uma vida, em muitos casos. O sonho é cultivado, amadurecido, alimentado por ambientes visitados e imagens de referência. O desafio é tirar isso do mundo das ideias e trazer para a realidade, o que não é simples, já que estamos falando de algo que não existe ainda e que está envolto por expectativas e impressões, na maioria das vezes, pouco claras até mesmo para quem as idealizou.

É grande a responsabilidade de quem deve atuar como o intérprete do desejo do outro, ser capaz de materializar esse desejo, tornando tangível e vivenciável o que foi projetado pelo imaginário de outra pessoa e, ao mesmo tempo, unir isso ao conhecimento técnico e ao olhar cuidadoso para identificar e incluir aspectos que a pessoa desconhece ou não percebeu, mas que são necessários para que o sonho se concretize por completo.

A boa arquitetura argumenta em favor do que é importante para o resultado, porém a função requer humildade. A empatia e afetividade têm papel fundamental para que a pessoa se sinta escutada, reforçando os laços de confiança e aumentando as chances de um ótimo resultado. Não há lugar para a falta de confiança, e por outro lado, não há lugar para a vaidade, o profissional que não sabe se colocar no lugar do outro não é capaz de traduzir e materializar o que importa e, no fim das contas, o que importa é poder proporcionar felicidade, satisfação, aquela sensação da conquista de poder ver e tocar um sonho que se realizou.

Arquitetura transmite valores e deve, acima de tudo, gerar pertencimento. Este campo que tangencia a arte é nada menos que produto cultural e social. É preciso criar símbolos nos espaços vividos que gerem ao usuário identificação. Desejamos pertencer ao meio em que estamos e este meio envolve mais do que pessoas, envolve o ambiente. Pense bem, o que difere uma casa feita em 2019 e uma casa feita em 1919? Definitivamente são seus símbolos, as cores utilizadas, a volumetria escolhida, os materiais, a compartimentação.

Nessa coluna, pensei em trazer esta visão sob a arquitetura, porque acredito que ela é muito mais do que um revestimento do momento. Arquitetura deve ser uma linguagem e o arquiteto é quem traduz o homem para a arquitetura. É por isso, então, que insisto e acredito na leveza. Em tempos líquidos, a leveza é uma forma de permanecer no presente.

Fotos: Marcelo Coelho

Até a próxima!

Junior Piacesi é diretor do escritório Piacesi Arquitetos Associados. Com projetos de característica minimalista, há mais de 10 anos no mercado, tem se destacado em arquitetura para espaços comerciais, hoteis, clínicas médicas, de restaurantes a escritórios, mantendo também a presença em projetos residenciais. Piacesi defende que a arquitetura deve promover a limpeza da mente, possibilitar concentração e criatividade, a paz e descanso quando for o caso, sofisticados, funcionais e respeitando a realidade de cada um.

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