ESTREIA DA PEÇA “GISBERTA” GERA PROTESTOS E POLÊMICA EM BH

15 de janeiro de 2018 – 19:49

A estreia da peça Gisberta, no último dia 5, como contamos aqui, levou grande público ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBBBH). O ator Luís Lobianco (leia-se Porta dos Fundos), interpreta uma brasileira transgênera que foi brutalmente assassinada em Portugal, fato que aconteceu em 2006. Mas, o que está reverberando sobre a abertura do espetáculo foi o protesto realizado pelo Coletivo T, que se intitula como o primeiro coletivo de artistas trans. Com faixa e os dizeres escritos “Diga sim ao talento trans. Representatividade”, membros do grupo foram com megafone para a porta do teatro protestar pelo fato do ator que representa Gisberta ser cisgênero, ou seja, se reconhece como sendo do gênero masculino, assim como nasceu.

Na última sexta, a polêmica foi parar no site da Folha de São Paulo, na coluna de Tony Goes. O roteirista fez duras críticas ao protesto e, principalmente a uma das fundadoras do coletivo, a atriz transgênera Renata Carvalho. “Ela é a atriz transexual que interpretou Jesus Cristo na peça ‘O Evangelho Segundo Jesus, a Rainha do Céu’, que teve apresentações proibidas pelo poder público em algumas das cidades por onde passou. (…) Jesus, até onde sabemos, era um homem cis. Como que uma atriz trans se acha no direito de encarná-lo, e nega um personagem trans a um ator cis? Como, aliás, que uma artista que sofreu censura agora prega a censura a outro artista?”, questinou Goes.

Após a publicação da coluna, a fanpage do coletivo choveu de depoimentos e cartas abertas de membros e artistas rebatendo a coluna. De acordo com a página do Coletivo T, o protesto foi para “buscar nossa representatividade, oportunidade e emprego na redistribuição na produção artística na TV, no teatro e no cinema. (…)Nós estamos aqui e existimos. Chega de Trans Fake. Cansamos de servir apenas como experimentos exóticos para teatro, cinema, televisão e trabalhos acadêmicos. Queremos e precisamos de oportunidades e emprego”. Polêmicas à parte, a peça fica em cartaz em BH até 5 de fevereiro, de domingo a segunda-feira, às 20h, com ingressos a R$20.

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